domingo, 30 de novembro de 2008

anti-nirvana*

hoje pela manhã no ônibus a caminho do trabalho
um homem deu sinal para descer e o motorista passou do ponto
distraído, olhei para trás e vi que o homem franzia a testa, mexia a boca
mas não produzia nenhum som
o homem reclamava para dentro, burocrático
enquanto o ônibus se afastava cada vez mais do ponto
eu me perguntava onde estava a agressividade
por que domesticaram aquele homem?
todas as coisas boas dependem essencialmente da agressividade
como o raw power ou as manchas roxas-esverdeadas de dentadas no ombro
(cheguei até aqui sem usar palavras difíceis)
minha dúvida nunca certificou minha existência
mas pelo menos posso afirmar que escrevo porque não conheço a utilidade das palavras
sei que elas não explicam nada
e desconfio que foram inventadas apenas para agredir

__________
* ver nirvana, de charles bukowski

Nenhum comentário: