quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

o conceito médico de morte

não é necessário explicar os motivos que levam a morte a ser objeto de estudo tanto médico quanto filosófico; vou direto ao ponto: a definição da morte sofreu variações em decorrência do avanço tecnológico da medicina e da disponibilidade de informação, ficando claro que deve levar em consideração também valores culturais.

para muitos que lêem este texto é notório o paralelo entre o medo da loucura e o medo da morte, tendo em vista que ambas significam a perda da consciência. porém, de acordo com a resolução cfm nº 1.480/97, a morte equivale à ‘parada total e irreversível das funções encefálicas’. a perda da consciência está entre as conseqüências desta parada, mas a recíproca não é verdadeira, porque um indivíduo em estado de coma pode manter suas funções vitais sem auxílio de aparelhos e, contudo, permanecer inconsciente. desse modo, é a irreversibilidade a primeira característica essencial da morte.

outras duas características da definição clínica são o estabelecimento da morte como um acontecimento, não como um estado, e sua classificação a partir da negação da vida. ou seja, ela é observável apenas em contraposição a outro conceito (semelhante à definição física do frio como ‘ausência de calor’). se uma é a negação da outra, a coexistência torna-se impossível. logo, há uma linha tênue que as separa; num instante vive-se, e, no instante seguinte, não.

a morte, portanto, é um evento pontual, que representa o momento exato em que se registra a interrupção irreversível das funções encefálicas. e assim o é mesmo que não seja observada prontamente, mesmo que haja um intervalo entre o óbito e sua constatação.

Um comentário:

Pedrin disse...

Se começar a citar Paulo Vz, vou ficar bolado!